As famílias portuguesas podem vir a falhar mais nas prestações da casa, com o aumento do crédito malparado e o incumprimento, diz a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) num estudo sobre a situação de Portugal divulgado esta semana.
“É altamente provável” que as famílias portuguesas falhem mais nas prestações da casa a partir de agora, num contexto de subida rápida das taxas de juro em reação à escalada da inflação, refere o estudo.
No novo outlook sobre as mais de três dezenas de países considerados ricos e desenvolvidos, a OCDE afirma que existe “uma probabilidade elevada e prevalecente” de haver novo incumprimento quando os países em causa têm um maior peso de contratos de crédito imobiliário indexados a taxas de juro variáveis.
Pela primeira vez desde 2016, o Banco Central Europeu (BCE) vai aumentar em Julho as taxas de referência e é possível que em Setembro venha a aumentar ainda mais as taxas para deter a escalada da inflação, não se prevendo quando este ciclo terminará.
“É maior a probabilidade de incumprimento das hipotecas quando as taxas de juro sobem em vários países do sul da Europa (Portugal e Grécia), do leste (Polónia, Bulgária, Roménia e países bálticos) e do norte europeu (Suécia, Finlândia e Noruega)”, afirma a OCDE.
Em Portugal, segundo os dados citados pela OCDE, cerca de 70% dos empréstimos contratados pelas famílias em Portugal nos últimos anos são indexados a taxas de juro variáveis.