Os preços e rendas dos escritórios na cidade de Luanda caíram entre -16% e -22% durante o ano passado, indica o mais recente relatório da consultora Prime Yield Angola referente à evolução do mercado imobiliário angolano em 2018.
O relatório “Prime News 18/19” refere que, devido à desaceleração da economia angolana, o mercado de escritórios em Luanda registou em 2018 uma absorção contida, apesar de ter apresentado algum dinamismo na recta final do ano.
Em 2018, “manteve-se a tendência de decréscimo dos preços e rendas (em torno dos -16% a -22% nas diferentes zonas), embora o CBD continue a apresentar alguma resistência no ajuste dos preços de venda (-2%), cedendo com mais flexibilidade no valor das rendas (-16%)”, lê-se no relatório.
Segundo a Prime Yield Angola, no mercado de escritórios “existe maior abertura ao ajuste das rendas como forma de rentabilizar os activos e minimizar as perdas de investimentos realizados”.
Em relação à habitação em Luanda, a consultora calcula que os preços médios em 2018 continuaram a descer, mas de forma suave, tanto nos apartamentos T3 na Ingombota, que diminuíram -6%, como nas moradias V3 em Talatona (-3%).
O relatório explica isto com o facto de se manter em retracção na procura por parte de expatriados, que foi um dos principais motores deste mercado nos anos mais dinâmicos do imobiliário, e acrescenta que os compradores domésticos passaram a ser “o público mais activo, embora com menor expressão” face ao ano anterior (2017), “devido à dificuldade no acesso ao crédito à habitação”.
Na hotelaria, a avaliação sublinha que as diárias praticadas nas categorias de 3 e 4 estrelas reduziram cerca de 45% e 13%, respectivamente, face ao ano anterior, mantendo-se, ainda assim, elevadas para o consumidor doméstico.
Nos hotéis de 5 estrelas, houve um ligeiro aumento nas diárias, explicado pela existência de poucas unidades com esta categoria, e nos 3 estrelas, a descida aconteceu por via do aumento da oferta, aponta o relatório.
Num comentário à evolução do mercado, o Director-Geral da Prime Yield Angola, Valdire Coelho, afirma que o imobiliário angolano, evoluindo num contexto económico de contracção, “continua pouco dinâmico”.
“As dificuldades de financiamento, os juros elevados e a instabilidade cambial têm tido efeito neste mercado. A procura está menos dinâmica, resultando numa oferta superior aos níveis de absorção, no adiamento de novos projetos e na diminuição generalizada do investimento. Gerando um ritmo baixo de escoamento de produto, este desequilíbrio tem-se reflectido nos preços e rendas, que continuam a decrescer. Ainda assim, o imobiliário continua a ser visto como um investimento de protecção face à desvalorização cambial”, escreve Valdire Coelho.