Mota-Engil e Shoprite penalizadas pela hiperinflação angolana

A hiperinflação em Angola penalizou contabilisticamente os resultados financeiros de 2017 de várias empresas estrangeiras que operam no mercado nacional, entre elas empresas de construção civil e do comércio.

A Mota-Engil disse esta semana que Angola, onde a empresa opera há mais de 70 anos, penalizou contabilisticamente as suas contas, ao ser classificada como economia hiperinflacionária.

Em 2017, a Mota-Engil viu os resultados líquidos caírem 97%, com os lucros do grupo a reduziram-se a dois milhões de euros, levando a que, pela primeira vez na sua história, a empresa tenha decidido não distribuir, pela primeira vez, dividendos aos accionistas.

Apesar da carteira de encomendas ter aumentado em 2017 para um recorde de mais de 5 mil milhões de euros, o grupo, que se prepara para entrar no seu 30.º mercado, está preocupado com Angola, a crise na Europa e a falta de capacidade da banca portuguesa para financiar.

Apesar da economia angolana continuar a ter impacto nas contas da empresa este ano, a Mota-Engil garante que Angola voltará em 2018 o seus principal mercado externo, recuperando a liderança face ao México, onde os maiores projectos estão a terminar.

A mudança na presidência do país, com a chegada de João Lourenço, nada muda nos planos do grupo, diz o grupo liderado por António Mota.

Mesmo tendo preocupações face à falta de financiamento e com a concorrência espanhola, António Mota empresta melhores perspectivas para o mercado português, com a previsão de um ciclo de investimentos na ferrovia, em novos hospitais e no novo aeroporto no Montijo.

Resultados operacionais do Shoprite

Também o Shoprite, a maior rede de supermercados de África, anunciou que o seu facturamento anual aumentou apenas 3,3%, falhando as estimativas dos analistas, porque os problemas decorrentes da desvalorização da moeda em Angola pesaram sobre o desempenho do grupo.

Nos últimos 12 meses, até Junho de 2018, o volume total de negócios do Shoprite cresceu cerca de 145,6 mil milhões de rands, quando os analistas consultados pela Reuters tinham uma previsão que apontava para 150,5 mil milhões de rands.

Logótipo do Shoprite

A cadeia de supermercados disse na sua actualização operacional que a escassez crónica de moeda estrangeira e a desvalorização da moeda em Angola foram e continuam a ser um problema.

Segundo o Shoprite, excluindo o impacto do ajustamento contabilístico da hiperinflação angolana, o volume de negócios do grupo aumentaria 3,6% nos últimos 12 meses.

A economia angolana está a sofrer com uma grave escassez de dólares e a moeda nacional, o Kwanzas, continua a desvalorizar-se no mercado.

Na última terça-feira, no leilão cambial do Banco Nacional de Angola, o kwanza registou no acumulado desde Janeiro uma perda de 39,30% face ao euro e 35% face ao dólar.

 

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