O mercado imobiliário angolano está muito sujeito à especulação e ao desordenamento urbanístico.
A atenção dos empresários privados está virada para o preço dos imóveis e a recuperação dos investimentos feitos antes da crise. Na pequena construção não existe planeamento urbanístico.
O empresário quer ver o retorno do investimento, de preferência através de parcerias com o Estado, porque isso dá garantias de pagamento. A ideia de basear o negócio no cliente e no crédito bancário já não seduz. As iniciativas para o Estado lançar novos projectos habitacionais inserem-se nessa perspectiva. Com a aprovação do OGE de 2018, ela é mais evidente.
Para solucionar com sustentabilidade o problema habitacional e urbano é preciso, em primeiro lugar, estancar o crescimento desordenado da pequena construção, que agrava as já precárias condições de vida nas cidades e transporta riscos epidemiológicos. Depois, é preciso travar a onda especulativa sobre os imóveis.
Especulação generalizada
A especulação tanto é feita pelo cidadão comum como pelo empresário. No fundo, é ela, em parte, que faz alargar hoje a degradação habitacional e urbana. Toda a gente vende e toda a gente compra terrenos e imóveis, mesmo aquilo que não lhe pertence, mesmo aquilo que é propriedade do Estado. Toda a gente constrói em qualquer lado.
Alguns projectos lançados pelo Estado no quadro do Programa Nacional de Habitação mostraram o caminho a seguir, porque garantiram ordenamento, infra-estruturas, equipamentos sociais e melhor saneamento. O crescimento urbano desordenado apenas será resolvido com respeito pela legislação já aprovada e pelo planeamento urbanístico promovido pelo Estado, não mais com projectos de patos bravos que abandonaram o petróleo mas não querem largar o OGE.
Se tudo continuar a andar como está, os primeiros grandes sucessos habitacionais conseguidos no passado e que deram dignidade a muitas famílias, serão perdidos.
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