O preço das casas em Portugal vai continuar a subir até, pelo menos, 2026, apesar da estabilização das taxas de juros e a principal razão para este crescimento continua a ser a escassez de mão de obra qualificada, associada a atrasos na implementação de medidas estruturais, como o programa “Construir Portugal” e o Orçamento de Estado para 2025 (OE2025).
De acordo com a previsão da consultora Agenda Urbana, o aumento da procura por habitação, impulsionado por taxas de juros mais baixas e medidas governamentais como isenções fiscais para jovens, não é suficiente para contornar os desafios críticos do setor.
A falta de entre 80.000 e 90.000 profissionais qualificados no mercado eleva os custos de construção, apesar da estabilização dos preços dos materiais. Este défice, combinado com a burocracia e os atrasos em programas como o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), contribui para a crise de oferta.
“O futuro da habitação em Portugal dependerá de uma combinação de fatores. A sustentabilidade do mercado exigirá a implementação eficaz das políticas de oferta, em particular da oferta de habitação a preços acessíveis. O planeamento urbano inclusivo, aliado a uma gestão eficiente dos recursos públicos e privados, será essencial para criar soluções habitacionais que respondam às necessidades da população”, diz Álvaro Santos, CEO da Agenda Urbana, sublinhando a necessidade urgente de abordagens inovadoras.
O governo tem vindo a implementar o programa “Construir Portugal” e o Orçamento de Estado para 2025 prevê um investimento adicional de 2.800 milhões de euros para a construção e reabilitação de habitação social, com a meta de criar 59.000 fogos até 2030.
No entanto, tanto a Agenda Urbana como os analistas do setor alertam que o impacto destas medidas só será visível a médio prazo, enquanto os desafios estruturais permanecem.
Apesar do atual ajustamento do mercado imobiliário, a construção modular e industrializada surge como uma solução promissora para reduzir custos e estabilizar os preços. No entanto, os riscos associados à falta de mão de obra qualificada e à burocracia continuam a ser desafios a curto prazo, sublinha a consultora.