O mercado de investimento imobiliário português poderá beneficiar, a curto prazo, da paragem que se está a registar nos investimentos nos países do Leste da Europa, na sequência da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Esta é uma das conclusões a retirar de um estudo da consultora espanhola Auxadi, intitulado “El futuro del sector del real estate en España” (“O futuro do setor imobiliário em Espanha”, em português).
Segundo a Auxadi, os fundos imobiliários já estão a por um travão nas operações na Europa de Leste, devido à guerra na Ucrânia, apontando a mira a outras geografias.
Portugal é um dos destinos que está na calha dos investidores, a par de outros, como por exemplo Espanha.
Uma garantia, de resto, que foi deixada por Víctor Salamanca, CEO da Auxadi, durante a apresentação do referido estudo.
Apesar de considerar que ainda é muito cedo para tirar conclusões, o especialista adianta que “muitas das operações que estavam em andamento nas zonas mais próximas do conflito, como Polónia, Hungria, Eslováquia ou República Checa, estão paralisadas”.
“No entanto, dado o grande volume de liquidez que existe no mercado, os fundos precisam de continuar a investir, pelo que é provável que os fluxos de investimento se desloquem para outros países menos expostos, como Espanha, Portugal, França e a região da América Latina”, afirmou.
O estudo conclui que a Europa é o destino de investimento de médio prazo preferido dos fundos imobiliários: 82% dos gestores vêem o investimento na Europa como provável ou muito provável dentro de cinco anos, uma percentagem superior à indicada por quem diz preferir investir na Ásia-Pacífico (66%) ou na América Latina (60%).
Logística, retalho e hotelaria são os protagonistas
A maioria (78%) dos gestores entrevistados pela Auxadi acredita que a recuperação do mercado imobiliário europeu ocorrerá nos próximos anos, sendo que 32% esperam uma recuperação já para este ano e 46% para 2023.
O segmento da logística e industrial é tido como aquele que mais rápido recuperará, com 74% das preferências, sendo seguido de perto pelo retalho (72%) e pelo hoteleiro (70%). Seguem-se na lista o segmento residencial (68%) e o dos centros comerciais (62%).
Destaque ainda para a importância cada vez maior da sustentabilidade e dos critérios ESG (sigla inglesa de Environmental Social and Governance) em todo o ciclo imobiliário: 72% dos gestores que participaram no estudo consideram que a procura por ativos que respeitem e integrem estes mesmos critérios aumentará.