Um grupo de engenheiros angolanos tem vindo a trabalhar num projecto que propõe a construção de um rio artificial, o “Rio Luanda”, concebido para abastecer de água a capital do país, numa extensão de 52 quilómetros.
O projecto, segundo o “Jornal de Angola”, que o apresenta como “inovador”, propõe realizar várias funções, entre elas a produção e distribuição de água potável, acesso ao saneamento básico, reconversão urbana e desenvolvimento económico municipalizado, entre outras.
Segundo os promotores da ideia, o projecto poderá ser mais barato do que os programas financiados actualmente.
Luanda dispõe já de um rio natural, o rio Kambambe, que parte do Cazenga e atravessa toda a cidade, indo desaguar no Benfica, tornando-se mais visível na época das chuvas, quando as zonas do leito ficam alagadas.
Os projectos “inovadores”, como este de um rio artificial chamado Luanda, o do aproveitamento da Zona Verde e o da Baía de Luanda, são vulgarmente interpretados como uma forma de obter dinheiro do Estado e alimentar a corrupção, resultando em falhanço completo.
O curso do rio Kambambe é o mesmo que os promotores do projecto dão ao “Rio Luanda”, que foi recebido com muitas reservas pelas autoridades ligadas ao sector das águas.
O engenheiro civil António Venâncio, um dos promotores do projecto, disse ao jornal que “muitos destes planos falharam por falta de aplicabilidade e acabaram por ser impostos a partir de cima”. O outro promotor é o engenheiro Francisco Lopes.
“As pessoas que discordavam de determinadas ideias não eram escutadas”, alegou António Venâncio. “Neste momento, sentimos que as propostas já são bem vindas pela governação, mas que as lideranças intermédias continuam de pé atrás. Mesmo assim, acredito que o Governo já perdeu a hegemonia das engenharias”, acrescentou.
Segundo o Jornal de Angola, o “Rio Luanda” estaria a ser pensado com dois braços, um ascendente e outro descendente (entre a zona da Ponte Molhada, no Benfica, e Cacuaco), com iluminação pública em toda a sua extensão (a energia necessária será produzida pelo próprio rio), bacias de retenção, seis metros de profundidade e criação de zonas de reconversão urbana ao longo do projecto (com áreas previstas para realojamento da população e concessão de terras para investimento público e privado), com o objectivo de fornecer água 24 horas por dia.