O edifício-sede do Banco de Poupança e Crédito (BPC), localizado no Largo Major Saidy Mingas, em Luanda, continua por reabrir.
Iniciadas em 2013, as obras de reabilitação do edifício decorrem há já cinco anos.
Considerado um “ex-líbris” da cidade, o imóvel, uma obra com mais de 50 anos, projecto de arquitecto e engenheiro portugueses, foi inaugurado na baixa de Luanda em 28 de Janeiro de 1967, como sede do Banco Comercial de Angola (BCA).
Em Julho do ano passado, o então presidente do conselho de administração do BPC, Ricado d’Abreu, hoje Ministro dos Transportes, anunciou que o edifício iria reabrir as portas no terceiro trimestre de 2018. Estamos no quarto, e nada.
Na altura, o BPC assinalava 100 dias de gestão da nova administração, liderada por Ricardo d’Abreu. O gestor disse que havia “colocado o desafio” ao empreiteiro da da China Jiangsu para concluir a obra em um ano.
Ricardo d’Abreu justificou o pedido com o facto de o imóvel fazer falta ao BPC, porque o banco precisava de racionalizar custos por estar em processo de reestruturação e ter vários serviços financeiros “core” dispersos por diferentes edifícios da capital angolana.
“Temos a expectativa que no terceiro trimestre de 2018 possamos fazer a reinauguração do nosso edifício-sede”, afirmou então Ricardo d’Abreu.
Mas transcorrido mais de um ano, as obras continuam e o edifício está por abrir.
Condições de financiamento
O valor do financiamento pela empresa chinesa China Jiangsu nasceu de dois acordos de financiamento e empreitada, assinados a 23 de Agosto de 2013 por Paixão Júnior, então PCA do BPC, e Gu Yongxin, Director-Geral da China Jiangsu.
Nos termos dos acordos,a firma chinesa devia financiar os custos inerentes ao processo de reabilitação e executar as obras de recuperação do prédio, que apresentava problemas na parte estrutural e na rede eléctrica que punham em perigo a segurança de trabalhadores e serviços.
Segundo disse Paixão Júnior na assinatura dos acordos, a China Jiangsu apresentou o financiamento com melhores condições, em que o empréstimo seria reembolsado num período de 10 anos, com dois anos de carência, a uma taxa de juros “competitiva” de 6,5 por cento ao ano.
Com assinatura dos acordos, segundo Paixão Júnior, os mais de sete mil milhões de kwanzas ficaram de imediato à disposição do BPC.
Com a duração aproximada de dois anos, os trabalhos de reabilitação começaram em Outubro de 2013 e deviam garantir emprego para 400 pessoas, 250 dos quais angolanos e 150 chineses.
O Director-Geral da Jiangsu garantiu que, depois da reabilitação, “o edifício terá mais um tempo de vida útil de 50 anos”.
Restruturação do banco
O BPC, rankiado como o maior banco angolano, está em processo de recapitalização e reestruturação devido ao elevado volume de crédito malparado.
Como a grande maioria dos bancos angolanos, o BPC foi das instituições bancárias sacudidas pela crise financeira internacional de 2008, iniciada com a falência do Lehman Brothers, e a doméstica de 2014, com a queda do preço do barril de petróleo.
A reabilitação integral do edifício-sede do BPC foi avaliada em 2013 em 7.798 milhões de kwanzas (22,2 milhões de euros, ao câmbio actual) e adjudicada aos chineses da Jiangsu.
No entanto, dada a crise económica, financeira e cambial, a importação de alguns equipamentos necessários à construção tem sido dificultada, explicou Ricardo d’Abreu em 2017.
“Criámos um grupo de trabalho específico, uma equipa de projecto, para podermos acompanhar todo o trabalho que está a ser desenvolvido pelo empreiteiro, fiscais e outros fornecedores que vão ter de entrar em cena”, disse o PCA do BPC em funções.
Em Novembro de 2017, Ricardo d’Abreu renunciou ao cargo, por impedimento, depois de ser nomeado Secretário do Presidente da República para os Assuntos Económicos, e a Assembleia de Accionistas entregou a Alcides Safeca as funções de PCA do BPC.
Accionistas do banco
Considerado um dos mais emblemáticos prédios de Luanda, o edifício, de 26 pisos e 96,17 metros de altura, foi construído no tempo colonial com o projecto do arquitecto Januário Godinho e dos engenheiros Correia de Araújo e Campos Matos.
O edifício foi inaugurado a 28 de Janeiro de 1967, como sede do então Banco Comercial de Angola (BCA), o primeiro banco de raiz a abrir as suas portas em Angola, 11 anos antes.
O Estado angolano é accionista do BPC, através do Ministério das Finanças (75%), do Instituto Nacional de Segurança Social (15%) e da Caixa de Segurança Social das Forças Armadas Angolanas (10%).