O Secretário da Mesa da Assembleia Geral da Associação dos Profissionais Imobiliários de Angola (APIMA), Massada Culembala, disse ao Jornal de Angola que o mercado imobiliário angolano perdeu 90% dos seus investimentos entre 2014 e 2016.
Segundo Massada Culembala, Director-Geral das imobiliárias Diakumbi e Dikilama, no período de 2017 ao primeiro semestre de 2018 a procura imobiliária aumentou de 10% para 15%, mas somente fora do centro da cidade de Luanda.
As zonas mais procuradas, referiu Culembala, especialista em Direito Imobiliário e avaliador em activos vivos e mortos, são os municípios de Viana, Belas e Talatona, por oferecerem melhor oferta em termos de preço.
Na zona de Talatona, acrescentou, os preços de uma residência de alto padrão estão em torno de um a cinco milhões de dólares, enquanto em Viana, em particular na zona do Zango, as casas andam à volta de dois milhões de kwanzas.
Nos últimos cinco anos, a parcela de terreno para a implementação de projectos habitacionais rondou cinco milhões de kwanzas, ao passo que hoje a mesma parcela custa um milhão de kwanzas, disse o responsável da APIMA ao principal diário angolano, publicado em Luanda.
Da ascensão ao declínio
Segundo Massada Culembala, citado pelo Jornal de Angola, nos anos 2010-2013, antes da crise, o imobiliário privado angolano manteve-se forte, com níveis altos de procura e oferta, incentivados pelo sector petrolífero, que facilitou os investimentos dos profissionais do mercado e parceiros, em particular o Estado e a banca.
Em 2014, com a crise provocada pela descida do preço do petróleo, o mercado imobiliário angolano entrou em declínio, com a redução da procura e a paralisação de muitos projectos imobiliários.
No caso particular da cidade de Luanda, segundo Culembala, estão paralisadas mais de 300 obras habitacionais privadas.
Entre as razões para o declínio, o responsável da APIMA apontou a redução da procura e o baixo rendimento entre os promotores imobiliários, os mediadores e a banca, sobretudo com o crédito malparado, o aumento de juros e o cancelamento do financiamento ao imobiliário.
De acordo com Massada Culembala, as obras inacabadas envolveram 50 por cento do crédito bancário, o que fez com que o financiador não disponibilizasse mais parcelas para a conclusão das mesmas.
Antes da crise, os bancos, principal elo de ligação entre os promotores e os mediadores públicos e privados, disponibilizavam créditos para a construção de residências. “Infelizmente, com o aparecimento da crise económica e financeira e com um bom número de obras inacabadas, tudo culminou com créditos malparados, o que impede a execução de novos financiamentos”, referiu. “Logo, sem a participação da banca, o promotor não consegue desenvolver nenhum projecto”, destacou.
Incursão de não profissionais
Outro factor que influenciou o fraco desempenho do sector imobiliário foi, para Massda Culembala, “a incursão de um número significativo de mediadores do mercado não profissional”.
Para melhorar o “ambiente do mercado”, Culembala defendeu que o Estado, a Banca e a APIMA devem traçar parcerias estratégicas para se imprimir uma “nova dinâmica” ao sector e encontrarem soluções para os projectos públicos e privados que estão por concluir.
Isto porque, com as obras paradas, o promotor e os bancos ficam prejudicados, uma vez que parte do financiamento investido também fica paralisado”, enfatizou.
Para Massada Culembala, o Estado deve intervir no mercado, definindo quem deve promover os projectos habitacionais e quem deve fazer o papel de mediador e consultor imobiliário.
Numa primeira fase, o especialista aconselha que o Estado, enquanto entidade reguladora, deve atribuir a carteira profissional aos promotores e mediadores e exigir que estejam associados à APIMA. O processo de atribuição de carteiras profissionais, segundo Culembala, resultaria na diminuição de fraudes, burlas e falsos profissionais no mercado.
“Devemos evitar que erros do passado voltem a acontecer entre os mediadores, promotores e clientes, como é o caso específico do Projecto Bem Morar, entre outros de carácter público”, disse o especialista.
Segundo o responsável da APIMA, a Província de Luanda tem cerca de 10 mil promotores não associados que exercem actividades no sector imobiliário que resultam, muitas vezes, em burlas na venda e compra de imóveis. Para Culembala, os cidadãos interessados em adquirir imóveis devem dirigir-se à APIMA, que indicará “os verdadeiros profissionais do sector capazes de auxiliar no processo de compra ou venda”.