Angola tenta aproximar-se de países de língua portuguesa e de outras nações na busca de experiências sobre a política de habitação. A informação foi dada à ONU News, em Nova Iorque, pela Ministra do Ordenamento do Território e Habitação.
Ana Paula de Carvalho disse à ONU News que as autoridades angolanas desenvolvem a área de habitação para evitar o êxodo para a capital, Luanda, tal como aconteceu durante o conflito armado, que terminou há 16 anos.
“Há bem pouco tempo houve uma deslocação com o Ministério da Administração do Território no sentido de se trocar experiências do Cabo Verde, (para) ver o que eles têm feito no sentido, para que se possa implementar. Tem havido cooperação com Portugal e estamos a ver se estreitamos mais essa relação com os países próximos”, sublinhou Ana Paula de Carvalho.
A ministra angolana falou ainda da Nova Agenda Urbana que prevê dar atenção à situação de grupos em desvantagem, como jovens e mulheres. A ideia é criar condições de habitação para as populações e assegurar infra-estruturas modernas para as cidades angolanas.
“O Bahrein chamou a atenção para o caso de programas específicos sobre a mulher. Nós, em relação à distribuição de habitação e lotes, temos sido de forma abrangente. Não temos de acompanhar só um estrato – estão jovens, antigos combatentes e estão mulheres. Mas foi uma boa experiência. Muitas vezes, por razões culturais, em Angola quando morre (alguém), a família do marido vem receber tudo da mulher. A Nova Agenda Urbana prevê a inclusão não só da juventude e das mulheres que devem ser incluídas”, afirmou Ana Paula de Carvalho.
A nova ministra coordena o Plano Director de Luanda, que até 2022 pretende ordenar o território, definir programas para criar novas infra-estruturas e padrões de construção.
Ana Paula de Carvalho chefiou a delegação angolana que participou no Fórum de Alto Nível, realizada em Nova Iorque de 8 a 10 de Julho, sobre os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). São 17 os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável e 169 metas que os Estados devem aplicar de forma ousada no quadro da Agenda 2030.
Fórum avaliou progressos na aplicação dos ODS
No final dos trabalhos do Fórum, os Estados-Membros da ONU aprovaram quarta-feira uma resolução em que afirmam que é preciso “acelerar urgentemente o progresso em direcção a todos os Objectivos, em particular os que têm um prazo até 2020”.
Na entrevista à ONU News, a Ministra do Ordenamento do Território e Habitação, Ana Paula de Carvalho, considerou como a troca de experiências durante o Fórum pode ajudar os países a cumprir os ODS.
“Achei bastante positiva a experiência do Lesoto, que para diminuírem os custos da habitação estão a criar empresas locais para o fornecimento de materiais locais, de forma a baixar os preços. No Bahrein, por exemplo, chamou-me à atenção o caso de programas específicos para a mulher. Nós, em relação à distribuição de habitação e de lotes, temos sido abrangentes, não temos acompanhando só um extracto, (na distribuição) estão jovens, antigos combatentes, mulheres. Foi uma boa experiência”, disse Ana Paula.
A resolução aprovada afirma que, ao longo de três anos de implementação da Agenda 2030, “houve progressos em algumas metas, mas não ao ritmo necessário para alcançar essa agenda ambiciosa – e tem sido desigual entre países e regiões”.
Na resolução, os Estados-Membros da ONU afirmam que “erradicar a pobreza, em todas as suas formas, é o maior desafio global e um requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável”.
Obstáculos na Agenda 2030
O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, discursou no encerramento do Fórum e defendeu que as discussões dos últimos oito dias “ajudaram a mostrar a vontade de cumprir a Agenda”. Para o chefe da ONU, ficaram evidentes alguns progressos, mas também está claro que o mundo “está atrasado, ou até a retroceder, em áreas que são fundamentais para a promessa de não deixar ninguém para trás”.
O Secretário-Geral da ONU lembrou que, pela primeira vez numa década, o número de pessoas subnutridas aumentou, a desigualdade de género ainda existe e o investimento em infra-estruturas continua a ser inadequado.
Soluções passam pelo financiamento
Guterres afirmou que a Agenda 2030 é “a resposta colectiva para construir uma globalização justa” e apontou vários caminhos para o conseguir.
Primeiro, é preciso mobilizar o poder transformador dos jovens. É por isso, explicou o Secretário-Geral, que a ONU vai lançar em Setembro uma estratégia para apoiar e envolver os jovens. Além disso, é preciso controlar as emissões de gases de efeito de estufa.
Guterres acredita que “não existe suficiente vontade política para cumprir os objectivos’, mas espera que a Cimeira do Clima, que se realiza no próximo ano em Nova Iorque, provoque uma nova ambição. Segundo ele, é preciso resolver a falta de financiamento para os ODS, sobretudo nos países mais vulneráveis.
Para Setembro, está agendado um encontro de alto nível sobre o financiamento da Agenda 2030. Finalmente, Guterres disse que a tecnologia tem grande potencial, mas é preciso garantir os seus benefícios para todos. Na semana passada, a ONU anunciou um novo Painel de Alto Nível para a Cooperação Digital.