No próximo ano, o nível de incumprimento dos contratos de crédito à habitação vai aumentar, segundo a agência de notação financeira Fitch.
O aumento será reflexo da existência de “restrições de acessibilidade (ao crédito), especialmente para os mutuários com maiores dificuldades num cenário de contínua subida das taxas de juro”, diz a Fitch em comunicado distribuído ontem.
A agência analisa os mercados de Portugal e Espanha com base no mercado de Residential Mortgage-Backed Securities, instrumentos financeiros que funcionam como seguro sobre o incumprimento dos contratos de crédito à habitação.
Em Portugal, em junho deste ano, apenas 0,4% da totalidade dos contratos de crédito à habitação activos estava em incumprimento.
Segundo a Fitch, os números associados ao incumprimento dos contratos na Península Ibérica só não será maior porque grande parte dos créditos à habitação apresenta uma maturidade longa (mais de 14 anos) e os mutuários apresentam uma taxa de esforço média de 40%.
“Espera-se um aumento mais pronunciado dos créditos em situação de malparado nas carteiras (de RMBS) com uma grande percentagem de empréstimos com taxas de esforço superior a 80%, ou empréstimos reestruturados”, diz a agência de notação financeira.
“Apenas um punhado de transações têm estas características de risco”, sublinha a agência.