O banco central da China anunciou esta sexta-feira um corte na taxa de juro para empréstimos a longo prazo, reduzindo os custos com hipotecas, num sinal de apoio ao setor imobiliário, que atravessa uma crise de liquidez.
De acordo com um comunicado do Banco Popular da China, a taxa de base para empréstimos de cinco anos, referência para o crédito à habitação, foi reduzida de 4,6% para 4,45%, o maior corte desde que foi criada, em 2019. Isto superou em três vezes a previsão dos analistas, que esperavam uma queda de cinco pontos base, em vez dos 15.
“Acreditamos que a decisão visa impulsionar a procura no setor imobiliário, que foi de mal a pior”, explicou Julian Evans-Pritchard, analista da consultora britânica Capital Economics.
O banco central da China baixou ainda os custos de financiamento dos bancos, para que estes possam oferecer condições mais atrativas.
Evans-Pritchard frisou, no entanto, que as medidas de bloqueio impostas pela estratégia de zero casos de covid-19 constituem o principal obstáculo, neste momento, para o setor imobiliário.
A taxa preferencial de empréstimos a um ano – a taxa de juros de facto – foi mantida inalterada, em 3,7%. A Capital Economics apontou que a “moderação” do banco central em relação à taxa a um ano pode ser devido a preocupações com o efeito para a taxa de câmbio da moeda chinesa, o yuan, em relação ao dólar.
O aumento das taxas de juro pela Reserva Federal dos Estados Unidos motivou uma fuga de capitais da China, após os títulos do tesouro norte-americano terem mesmo ultrapassado a rentabilidade garantida pela dívida emitida pelo Governo chinês, pela primeira vez desde 2010.