O Fundo Monetário Internacional sugeriu ao Banco de Portugal que considere uma reserva de capital anticíclica ou uma reserva setorial de risco sistémico contra potenciais riscos da exposição da banca ao imobiliário.
Na sua avaliação anual a Portugal, divulgadas a 16 de maio de 2022, o FMI sugere que “uma vez que a recuperação esteja bem estabelecida, o Banco de Portugal poderia considerar a introdução de uma reserva de capital anticíclica com notação positiva ou uma reserva setorial de risco sistémico contra potenciais riscos macrofinanceiros das exposições imobiliárias dos bancos”.
Rupa Duttagupta, que chefiou a missão de avaliação do FMI, salientou que o sistema bancário resistiu “relativamente bem” aos dois choques duplos, pandemia e guerra, até agora, tendo os níveis de capital aumentado no ano passado, o crédito malparado diminuído e, em geral, a rentabilidade dos bancos sido ligeiramente superior.
“Tudo isso é uma boa notícia”, disse Rupa Duttagupta. Contudo, salientou, “existem alguns riscos domésticos que felizmente não se materializaram, mas não desapareceram”.
Na avaliação, o FMI assinala que o acompanhamento atento da qualidade de crédito dos bancos continua a ser essencial, advertindo que o impacto do fim das moratórias e de novos riscos, inclusive do mercado imobiliário, sobre a qualidade do crédito, deverão continuar a ser fontes de incerteza durante algum tempo.
“As autoridades prudenciais estão a monitorizar ativamente a qualidade de crédito dos bancos e confirmam que a materialização do risco de crédito, até agora, não foi tão significativa quanto o esperado no início da pandemia. As estratégias para reduzir os NPLs estão a dar frutos, mas alguns bancos ainda não concluíram os seus processos de ajustamento”, pode ler-se nas conclusões.
Assim, Rupa Duttagupta considerou que Portugal deverá continuar “atento” ao impacto do fim das moratórias e que os riscos de aumento dos preços imobiliários devem ser “monitorizados de perto”, pois, apesar de não serem elevados neste momento, os riscos “podem aumentar se os preços das casas continuarem a subir”.