O Governo angolano decidiu em Maio adquirir um imóvel infraestruturado, localizado na comuna de Calumbo, município de Viana, em Luanda, para servir de futuro centro de pandemias, num investimento aproximado de 25 milhões de dólares.
Um despacho presidencial, assinado por João Lourenço, autorizou a realização da despesa, delegando os procedimentos ao Ministério das Finanças, com vista a colmatar a “insuficiência de infraestruturas adequadas, a nível nacional, para dar resposta a graves calamidades de saúde pública e pandemias, de ocorrência imprevisível”.
O negócio suscitou polémica pelo elevado preço atribuído às casas, superior ao seu valor de mercado e por alegadamente pertencerem a um assessor do Ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República.
As críticas mais recentes partiram da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), por intermédio do seu governo sombra, que questionou, em conferência de imprensa, a compra das casas que vão custar ao Estado 114 mil euros cada.
“As casas em questão são de baixa renda e o seu valor real de mercado é de apenas oito milhões de kwanzas (12.600 euros)”, contestou o partido da oposição, indicando ter pedido uma avaliação a especialistas independentes “que estimam que as residências estão a ser demasiadamente sobrefacturadas”.
A UNITA disse ainda que as informações que circulam indicam que as casas pertencem ao assessor do Ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, que é coordenador da Comissão Intersectorial de Luta contra a Covid-19.
A agência portuguesa Lusa revelou, entretanto, que o imóvel é composto por um conjunto de casas degradadas que estão rodeadas de capim.
A Lusa “constatou no local que o imóvel infraestruturado, localizado na comuna de Calumbo, município de Viana, em Luanda, está em aparente estado de abandono e fica distante da zona habitacional da circunscrição”, indicou a agência.
Fontes citadas pela agência adiantaram que as obras de reabilitação do empreendimento com perto de 200 casas, em mau estado e com fissuras visíveis, deverão começar a qualquer momento.
Para o efeito, encontra-se já montado um estaleiro no local, com homens e máquinas pertencentes à empreiteira portuguesa Grupo Casais, que irá reabilitar a infraestrutura erguida há cerca de oito anos, precisou a Lusa.
A fiscalização da obra está a cargo da empresa Dar, cujos técnicos também já se encontram a fazer os trabalhos iniciais no complexo de residências situado a sul da capital angolana, ainda segundo a agência.