Dentro de uma década, Luanda fará parte da lista das seis novas megacidades mundiais, ficando colocada entre aquelas em que a população mais cresce, indica um estudo da Euromonitor International.
De acordo com um estudo, até 2030 a cidade de Luanda aumentará em 60% o seu número de habitantes, mas ainda assim não será tão grande como o Cairo, que será a maior megacidade de África, com 29,8 milhões de habitantes.
Dar es Salaam, a cidade mais populosa da Tanzânia, está a crescer quase tão depressa como Luanda e além disso tem o PIB que mais cresce (e é menor) das seis novas megacidades.
Esta não é a primeira vez que o nome de Dar es Salaam surge numa previsão como esta, uma vez que o Global Cities Institute já a tinha considerado a terceira cidade mais populosa do mundo no futuro.
Assim, segundo a Euromonitor International, até 2030 seis novas cidades deverão ganhar o título de megacidades mundiais: Bogotá (Colômbia), Chennai (Índia), Luanda (Angola), Chicago (Estados Unidos), Dar es Salaam (Tanzânia) e Bagdad (Iraque).
Outra novidade do estudo é que Tóquio, no Japão, deve perder o título de cidade mais populosa do mundo para Jacarta, na Indonésia.
Segundo a Euromonitor International, uma megacidade abriga dez milhões ou mais de habitantes.
As megacidades são, também, destinos que oferecem riqueza, diversidade social, crescimento económico e inovação, mas ao mesmo tempo apresentam inúmeros desafios como a superlotação, o congestionamento do tráfego, poluição e desigualdade.
Crescimento populacional em África
O estudo indica que a urbanização está a consolidar-se em África, à medida que as pessoas procuram uma vida nas aglomerações urbanas.
Na Nigéria, o maior país em população de África, espera-se que a fatia urbana suba nove pontos percentuais entre 2017 e 2030.
Por outro lado, a urbanização continuará a alimentar o crescimento das megacidades.
Luanda e Dar es Salaam – duas das novas megacidades da África – serão as cidades que mais vão crescer em população regional no período 2017-2030.
Tudo isso colocará desafios em relação à habitação, serviços públicos e saneamento, entre outras coisas, que exigirão atenção nas megacidades de África, já que a superlotação terá o seu preço, alerta o estudo.
Rápida urbanização molda o futuro económico
Num artigo publicado na página do Fórum Económico Mundial, Johnny Wood, analista de cidades e urbanização, refere que a rápida urbanização é uma das principais forças que moldam hoje o futuro económico global.
“Há um século, era quase incompreensível que qualquer pessoa quisesse viver numa cidade com 10 milhões de outras pessoas, mas na década de 1930 a cidade de Nova Iorque foi a primeira área metropolitana a passar a fasquia. Avançando para hoje, existem 33 áreas urbanas que atendem à definição de uma ‘megacidade’ espalhada pelo mundo”, diz Wood.
“É verdade que muitas dessas megacidades foram centros globais durante um longo tempo – pense em cidades como Londres, Tóquio, Los Angeles e Paris – mas estamos agora a entrar numa era em que novas megacidades estão a surgir de dois em dois anos, incluindo aquelas que têm menos nomes familiares e backstories”, acrescenta Johnny Wood.
Mudança é a única constante
Para Johnny Wood, quando se trata de urbanização global, a única constante é a mudança e metrópoles gigantescas que hoje parecem insondáveis poderão ser muito mais comuns no futuro.
Wood destaca outras projecções interessantes que acontecerão nos principais centros urbanos mundiais e são extraídas do estudo da Euromonitor International:
- Jacarta passará a ser a maior megacidade mundial, com 35,6 milhões de almas
- Tóquio perderá o primeiro lugar, uma vez que o envelhecimento da população se traduz em crescimento populacional negativo
- Osaka será a megacidade mais envelhecida, com 31% da população com mais de 65 anos
- Lagos será a cidade que mais crescerá em geral na linha do tempo 2017-2030
- e aproximadamente uma dúzia de cidades duplicará as suas economias nesse período, sendo lideradas por Dhaka, Manila e Bangalore.
Habitação e população de Angola
Em relação com estas matérias, decorre entre terça e quarta-feira no Memorial Dr. Agostinho Neto, em Luanda, o 5º Fórum Urbano Nacional, sob o lema “A Nova Agenda Urbana e a Reforma do Estado”, que servirá de oportunidade para renovar o debate sobre o caos habitacional em Angola e o futuro da urbanização.
Por outro lado, na última sexta-feira, o Ministro da Economia e Planeamento de Angola, Pedro Luís da Fonseca, e a representante do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP), Florbela Fernandes, falaram sobre as projecções da população angolana, que mostram que até 2022 Angola terá 33 milhões de habitantes.
Aproveitando a apresentação do relatório sobre a Situação da População Mundial, Pedro Luís da Fonseca disse que o crescimento populacional previsto pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) obriga o Executivo a incluir no Orçamento Geral do Estado (OGE) medidas que garantam a criação de emprego e a melhoria da condição de vida dos habitantes.
De acordo com dados do Censo Geral da População e Habitação realizado em 2014, Angola tem 28,4 milhões de habitantes e a taxa média de fecundidade é de 6,2 filhos por mulher, sendo nas zonas rurais mais alta, chegando a atingir 8,2 filhos, facto que remete para medidas de governação.
Assim, Pedro Luís da Fonseca lembrou que os países com alta taxa de fecundidade e que não têm um crescimento económico dinâmico deparam-se com dificuldades em providenciar educação, assistência médica e social à população, colocando em risco a estabilidade das famílias e da sociedade.
Já Florbela Fernandes referiu que, anualmente, registam-se no mundo 99 milhões de gravidezes indesejadas, mais de 300 mil mulheres morrem durante a gravidez ou parto e diariamente dezenas de milhares de raparigas são forçadas a casar e a iniciar a maternidade ainda na puberdade, não desfrutando do exercício de escolha nas suas vidas. O impacto disso, sublinhou Florbela, “vai além do nível individual, para as famílias, comunidades e nações”.
Com isso, a representante do FNUAP quis destacar o controlo da natalidade, sublinhando que “as famílias reduzidas têm maior oportunidade de inserção, com muitos outros direitos, como saúde e educação, rendimento adequado e liberdade de decidir sem discriminação”.