A Secretária de Estado do Ordenamento do Território, Ângela Mingas, defendeu a revisão dos preços dos apartamentos dos projectos habitacionais do Estado, em todo o país, para serem ajustados aos custos das obras e à situação actual do mercado imobiliário, noticia o Jornal de Angola.
De acordo com o jornal, a Secretária de Estado esteve em visita à Centralidade do Mussungue onde manifestou “apreensão em relação aos preços praticados na venda dos apartamentos” desta centralidade situada no Dundo (Lunda Norte).
“Não é falta de capacidade financeira do cidadão em aderir ao apartamento. Os preços aplicados, para além de serem diferentes do resto do país, reduzem a capacidade do cidadão em adquirir um apartamento”, disse a Secretária de Estado, citada pelo Jornal de Angola.
Ângela Mingas sublinhou mesmo que os preços que a Imogestin pratica na Centralidade do Mussungue chegam a atingir o dobro e fez alusão a “especulação”. “Não podemos permitir que haja especulação dos valores imobiliários, já que é um património do Estado”, afirmou a governante.
Segundo o Jornal de Angola, na Centralidade do Mussungue a prestação mensal da renda resolúvel, com opção de compra, é de 90 mil kwanzas para os apartamentos T5, de 68 mil kwanzas para os T4, de 74 mil kwanzas para os T4+1 e de 37 mil kwanzas para os T3.
Demora nas vendas e riscos para o investimento
O jornal refere que a Secretária de Estado lamentou ainda a demora no processo de entrega dos apartamentos e disse que a situação é consequência dos preços altos e da burocracia no processo de venda dos imóveis. “Está bastante moroso. O processo de venda já devia ter terminado há bastante tempo, visto que o mesmo começou em Dezembro de 2015”, afirmou Ângela Mingas.
A Secretária de Estado do Ordenamento do Território recomendou ao Governo da Província da Lunda-Norte que pressione a empresa responsável pelo processo de venda dos apartamentos – a Imogestin –, para que seja concluído até ao final deste ano.
A governante atribuiu também à falta de comercialização a vandalização dos fogos habitacionais em todo o país, um problema sério para o Ministério do Urbanismo e Ordenamento do Território, visto que põe em causa os investimentos do Estado.
Segundo Ângela Mingas, existem centenas de apartamentos vandalizados na Centralidade do Mussungue por não estarem ocupados. “Este vandalismo (…) é um caso de polícia”, mas a comercialização “seria o remédio para a redução destes casos”, reforçou.
A Centralidade de Mussungue depara-se ainda com a progressão de uma ravina que periga a estrutura dos edifícios e o investimento realizado, tendo já levado à transferência de 43 pessoas de um edifício de nove andares da Zona 4 para outro com as mesmas características.
“O projecto de estancamento da ravina encontra-se neste momento no Tribunal de Contas a correr os trâmites legais. E espera-se que este trimestre comecem as obras, de forma que a chuva não agrave a situação e o progresso da ravina”, esclareceu a governante.
De acordo com o diário angolano, dos 5.000 apartamentos da centralidade, 3.240 foram comercializados através da modalidade de renda resolúvel, venda livre e arrendamentos. Há 730 apartamentos que o empreiteiro chinês, a Panchina, não entregou ao dono da obra por apresentarem falhas no acabamento, impermeabilidade e filtração de água da chuva que punham em risco a estrutura dos edifícios.