Os portais angolanos na internet estão cheios de preços em dólares. Por que será que isto acontece?
Este facto tem a ver com algumas questões de fundo.
A primeira, é que a moeda de referência utilizada para a taxa de câmbio em Angola tem sido o dólar. Recentemente, o euro passou a ter um peso cambial importante, mas o dólar ainda é a referência principal.
A segunda razão, está ligada ao facto de o capital dos principais investidores da construção imobiliária vir do exterior. Angola, ao contrário do que se chegou a pensar na época do preço alto do barril de petróleo, não é um país exportador de capital financeiro, é importador.
Vindo o investimento financeiro destinado ao imobiliário do exterior, é óbvio que o cálculo relativamente ao retorno do valor investido seja feito em divisas.
A origem dos investidores
A terceira razão, está relacionada com a segunda. É que também a larga maioria das empresas de comércio imobiliário tem ligação ao exterior ou são mesmo propriedade de investidores estrangeiros – brasileiros e portugueses.
Significativo e interessante, por exemplo, é que a primeira empresa registada na Comissão do Mercado de Capitais (CMC) para tratar de Fundos de Investimento Imobiliário, a Proprime, tem origem na Prime Yield, de Portugal, e conta com escritórios em Angola, Brasil, Cabo Verde e Moçambique. A empresa parece já estar a fazer valer a sua presença face a eventuais concorrentes.
Com o câmbio indexado ao dólar, com o capital investido vindo do exterior e com operadores imobiliários que transportam a cultura comercial do Brasil ou de Portugal, é fácil perceber por que razão os preços dos imóveis comercializados são fixados em dólares – procedimento que é ilegal.