Podem as imobiliárias trabalhar em tempos de Covid-19? Estão as imobiliárias angolanas a trabalhar? Como se adaptaram à crise?
Com a declaração do estado de emergência, a 27 de Março, e a sua prorrogação por mais 15 dias, até 25 de Abril, as imobiliárias angolanas foram obrigadas a fechar as portas.
O país está paralisado. Mas, estará o mercado encerrado?
Apesar de fecharem os escritórios, algumas imobiliárias angolanas estão a promover vendas pela internet, redes sociais e atendimento telefónico.
O formato de negócio em linha encaixa bem na actividade imobiliária, porque mantém a ligação directa ao cliente e permite a negociação. Tem apenas com um óbice: não possibilita as visitas guiadas aos imóveis, praticamente fora de hipóteses.
Entre as imobiliárias angolanas que mostram particular visibilidade na internet e redes sociais nesta fase de lockdown estão a Remax, de Mahomed Ibrahim, e a Vicente Imobiliária, Abednego Vicente.
No dia em que foi decretado o estado de emergência, a Remax informou, por comunicado, que, de forma a proteger os seu clientes, colaboradores e famílias, a sua recém-aberta agência na Rua da Missão, em Luanda, seria temporariamente encerrada.
Não obstante, assegurava que a sua equipa comercial e administrativa estaria “disponível remotamente para servir os seus pedidos, respeitando as restrições que se impõem pelas Autoridades de Saúde”.
Tendo aterrado em Luanda há muito pouco tempo, 13 de Fevereiro, a marca mundial parecia concorrer para ultrapassar a Angocasa como líder em serviços imobiliários em Angola, graças ao elevado investimento inicial, mas o Covid-19 veio adiar essa aspiração.
Por enquanto, é a imobiliária que apresenta o melhor programa de comunicação institucional.
Mais modesta, mas extremamente dinâmica no ciberespaço, a Vicente Imobiliária, empresa localizada no Condomínio America Plaza, Talatona, vem conciliando, ao longo das 24 horas do dia, a promoção de imóveis com conselhos no Facebook, prática inovadora no ramo.
Com a proclamação do estado de emergência, a Vicente Imobiliária apressou-se a anunciar que continuaria a trabalhar. “A vida continua”, declarou a empresa na sua página no Facebook, no início do regime de confinamento nacional.
“Nós, Vicente Imobiliária, estamos abertos para negócios”, afirmou desde logo a empresa, comunicando que “devido à pandemia de Covid-19 os clientes que nos quiserem contactar devem ligar ou contactar-nos pelos seguintes endereços e números”. E forneceu os indicativos.
Alguns dos conselhos que esta imobiliária publicou na madrugada desta segunda-feira 20 de Abril foram: “Deixe o hábito de conversar sobre trabalho e comece a trabalhar”; “Onde o erro não existe, a necessidade de melhorar não é necessária”.
Quanto às plataformas imobiliárias, o destaque vai para a Angocasa.com, que não se limitou a publicar um comunicado, mas marcou a chegada da pandemia e do estado de emergência com a publicação do e-book “Como Gerir as Vendas durante a Crise do Coronavírus”.
De resto, a maior parte das imobiliárias angolanas vêm-se limitando a divulgar imóveis para comercialização, sem sinalizarem uma iniciativa específica para estes tempos de coronavírus nem para a realidade pós-Covid-19.
Se umas e outras estão a realizar bons negócios nestes tempos de Covid-19, é difícil saber, já que neste aspecto, sem indicadores de negócios, o mercado angolano continua a fazer-se notar pela opacidade.