Os proprietários de imóveis na capital angolana, Luanda, mostram “alguma resistência” na revisão dos preços dos escritórios, apesar da redução na absorção de espaços pelos compradores, destaca o mais recente estudo sobre o mercado imobiliário angolano, produzido pela consultora imobiliária Proprime Yield.
No seu “Flash Mercado Imobiliário Angola 2017-2018”, a consultora destaca que o mercado de escritórios em Luanda continuou a perder dinamismo em 2017, influenciado pela desaceleração da economia e a saída de empresas internacionais.
Para a Proprime, a crise cambial e a saída dos estrangeiros de Angola, que se seguiram à queda do preço do petróleo e à desvalorização do kwanza, “impactaram” negativamente a economia angolana e têm pressionado o mercado imobiliário para baixo.
Esta actividade está “hoje sobretudo direccionada para o cliente doméstico”, diz o estudo, segundo o qual os preços em 2017 chegaram a cair até 30%.
O estudo, que apresenta apenas os preços em dólares, prevê que se manterá a tendência de aquisição de escritórios como investimento de refúgio, por causa da desvalorização do kwanza face ao dólar.
Habitação: alteração do paradigma
Quanto aos imóveis de habitação, o estudo diz que a retracção da procura de casas por parte dos estrangeiros, devido ao reajustamento da presença de multinacionais no país, “alterou o paradigma da procura” deste tipo de imóveis.
“Os compradores domésticos são agora o público mais activo e denota-se uma maior apetência por tipologias maiores”, refere a Proprime Yield.
Do lado da oferta de habitação, indica a consultora, os promotores fazem uma maior aposta em moradias de tipologias T4 e produtos nos segmentos médio e médio-baixo.
Hotéis e turismo de negócios
O estudo aborda também o desempenho do imobiliário de hotelaria em Luanda.
A consultora diz que a “performance” nos hotéis foi também “negativamente afectada pela saída de muitos expatriados e a contracção dos planos de investimento das multinacionais”.
“Este mercado é dominado pelo turismo de negócios, o que se reflectiu na continuação da descida das taxas de ocupação (de 40% para 35% em 2017).
Ainda assim, o ritmo de descida das diárias desacelerou e os valores praticados continuam a mostrar-se elevados para os consumidores domésticos.
Os valores desceram apenas nos hotéis de 3 estrelas (-12,5%) e mantiveram-se estáveis nas unidades de 4 e 5 estrelas”, refere o estudo.
“Ano desafiante”
Na apresentação do estudo, o Director Executivo da Proprime, Valdire Coelho, que substituiu Francisco Virgolino no início de 2017, destacou que 2018 será um “ano desafiante” para o imobiliário em Angola, face às “perspectivas traçadas para o desenvolvimento económico” pelo novo Governo angolano saído das eleições de Agosto de 2017 e ao “clima de incerteza e expectativa” que “ainda predomina” entre os agentes do sector.
O Director Executivo da Proprime considera que o actual poder político “poderá influenciar positivamente o desenvolvimento económico e social do país, com reflexos no mercado imobiliário, que mantém um enorme potencial por explorar, sobretudo a nível da diversificação geográfica”.
A Proprime Yield foi a primeira empresa registada na Comissão de Mercado de Capitais (CMC) de Angola para avaliar imóveis de Fundos de Investimento Imobiliário.
A empresa resultou da associação entre a Prime Yield, com sede em Portugal, e a Progest, em Angola, estando sujeita à supervisão das entidades reguladoras do mercado financeiro angolano.